sábado, 8 de janeiro de 2011

Política é coisa complicada.


A política é simples, mas há políticos que decepcionam e confundem a moral dela, o Brasil tem 513 deputados, centenas de prefeitos e vereadores, governadores, deputados estaduais, senadores e vários cargos alto nível como secretários e ministros no sistema político. A verdade é que elegemos políticos como pessoas boas, honestas, com intenções de melhorar a qualidade de vida do povo, que trabalham realmente e representam o povo que o elegeu, e de forma responsável e competente estão dispostos a gerir a máquina popular. Você deve entender que os impostos são pagos pelo povo e que o dinheiro é público, e as próprias pessoas democraticamente elegem um representante para gerir o dinheiro em nome do povo, seja um prefeito, um governador ou um presidente nacional. Elegem também vereadores, deputados estaduais, os deputados federais e senadores para supervisionar este processo e trabalhar para a sociedade que os elegeu. O sistema é simples, existe uma cidade, estado e o país que precisam de um líder eleito para gerenciá-lo de uma maneira honesta e cuidar da riqueza e do bem comum de todos. O que acontece é que ao longo dos tempos o sistema não funciona como deve ser e revolta a população por causa de alguns políticos que se corrompem quando chegam ao poder. A ganância e a certeza de impunidade são as principais causas. Devemos largar mão da política? Esta não é a resposta que eu tenho que dizer, e nós ainda acreditamos que este sistema pode funcionar e que precisamos é desbanalizar essa idéia. A mídia relata casos de corrupção com competência, mas as vezes de forma imprudente, porque quer transmitir informações de uma forma que generaliza a classe a política como um todo. Queremos sim, que a mídia exponha os políticos corruptos para que justiça faça o seu dever e não fazer vista grossa com esse quadro caótico e desenfreado de vícios na vida publica.
O engraçado é que a cada dois anos tem eleições para esses cargos e os candidatos políticos dizem que são sempre honestos e cheios de boa vontade para ocupar essa posição de liderança, pois é realmente difícil saber em quem confiar e depositar confiança.Vivemos em um país rico e ainda um país de terceiro mundo com a pobreza, privação, desigualdades sociais, falta de saúde pública, educação, saneamento, desemprego, violência e vários outros problemas que nunca parece diminuir. A cada ano, os discursos eleitorais são sempre os mesmos. O que acontece com os políticos brasileiros? Existe um líder popular honesto? Será que haverá sempre o flagelo da corrupção? Estas são questões que hoje parecem ser respondidas negativamente.
Eu acho que se o dinheiro público é do povo, ele não é só meu e se não é meu, eu não posso desviar esse dinheiro para especuladores Eu acho que o salário pago aos políticos é uma boa remuneração e pode viver tranqüilamente e com mais dignidade. Mas é a ganância e a ambição que gera um crime punível com prisão. Eu acho que precisamos impedir que políticos corruptos continuem na política.
Nem tudo na política fede a podre e não é esse desabafo que sintetiza a política, mas há políticos honestos que sonham com uma nação orgulhosa de seus representantes, mas eles não são divulgados publicamente pelos canais de comunicação e não podem vender essa nova solução para melhorar a qualidade de vida da nação. Precisamos que todos os discursos políticos sejam colocados em prática de forma eficaz e honesta e não há necessidade de uma maior atenção da mídia para promover essa mudança, o espírito de uma verdadeira reforma no contexto, passa necessariamente pelo engajamento e a militância popular na atual política, inspirados por novos líderes políticos que possam honrar o orgulho do Brasil.

Felizmente, em Matões do Norte ainda temos políticos honestos e entende-se por honesto aquele político que, além de ter a ficha limpa, cumpre todas as promessas de campanha, não aceita suborno ou mensalões, não contrata parentes, não legisla em benefício próprio e não usa o seu cargo político apenas para enriquecer, mas está realmente preocupado com a população. E este é o caso do Prefeito Solimar Alves e alguns vereadores de Matões do Norte, minha cidade. O Prefeito Solimar é um político que se interessa de verdade pelos problemas do povo, preferindo sofrer com o seu povo e trabalhar para tirá-lo do opróbrio do que viver nababescamente vendo seu povo sofrer. É uma cabeça pensante, um estrategista e articulador. É um político hábil e prático. Precisamos de homens públicos que tenham essas características. Precisamos de políticos que não se dobrem, que não se vendam, que não se corrompam. Solimar é um político popular que sabe falar, motivar, encorajar e proteger o povo de Matões do Norte.

sábado, 14 de março de 2009

O Rosacruz Fernando Pessoa

O Rosacruz Fernando Pessoa

O poema ou poemas que apresentaremos reportam-se à fase mística de Fernando Pessoa, mais propriamente à fase Rosacruciana, fase em que o poeta estudou e aprofundou toda ou quase toda a literatura que existia acerca da história dos Rosacruzes; primeiro, um movimento, depois, uma fraternidade, e finalmente uma Ordem, que vieram para realizar o sopro e anseio do Universo:

“Homem, conhece-te a ti mesmo e vive em harmonia e amor.”

Bem patente desse profundo interesse de Pessoa é a literatura encontrada na sua biblioteca e os seus escritos sobre o assunto.Desde muito jovem, Pessoa se interessou pelo mistério e pela metafísica, como o testemunham poemas intitulados “Metempsicose”, “O Círculo” e “Nirvana”, ou fragmentos de ensaios, numa precocidade que ia já de encontro à sua tese “o gênio é um iniciado de nascença”, mas, contudo, será com a idade que ao receber mais conhecimentos e ao despertar a sua consciência, conseguirá desvendar algumas dessas interrogações misteriosas.
Já numa carta de 1915, dirigida ao seu malogrado amigo Mário de Sá Carneiro, Pessoa escreve a propósito dos livros teosóficos que fora convidado a traduzir: “O caráter extraordinariamente vasto desta religião filosofia; a noção de força de domínio, de conhecimento superior extra-humano que ressumam as obras teosóficas, perturbaram-me muito. Assim como a leitura de um livro inglês sobre “Os Ritos e os Mistérios dos Rosa Cruz.” A possibilidade de que ali, na Teosofia, esteja a verdade real me hante.”(sic)
Será este primeiro livro de Hargrave Jennings – “Os Ritos e os Mistérios dos Rosa Cruz”, que tanto o impressionou, que fará a sua primeira ligação com a Tradição hermética rosacruciana. A Tradição Rosacruz, nascida no século XIV com Christian Rosenkreutz, é um dos elos da continuidade de investigadores da natureza material e sensível do Universo, ue chegou até aos nossos tempos e da qual Fernando Pessoa faz parte.
Como dizia Fernando Pessoa: “Na época das novas descobertas, a fazerem-se no interior da alma”, inúmeros destes escritos Rosacrucianos serão veros desafios à audácia e ao ardor de conhecimento dos mais receptivos e maduros que poderão assim aprofundar a Rosea Cruz. E será nos apontamentos e meditações dos símbolos da Ordem (a Cruz, a Rosa e a Rosacruz) que Pessoa mostrará mais beleza e originalidade.

Vamos ouvi-lo:(Poema datado de 6/2/1934)
Porque choras de que existe
A terra e o que a terra tem?
Tudo nosso – mal ou bem –É fictício e só persiste
Porque a alma aqui é ninguém
Não chores! Tudo é o nada
Onde os astros luzes são.
Tudo é lei e confusão.
Toma este mundo por estrada
E vai como os santos vão.
Levantado de onde lavra
O inferno em que somos réus
Sob o silêncio dos céus,
Encontrarás a Palavra,
O Nome interno de Deus.
E, além da dupla unidade
Do que em dois sexos mistura
A ventura e a desventura,
O sonho e a realidade,
Serás quem já não procura.
Porque, limpo do Universo,
Em Christo nosso Senhor,
Por sua verdade e amor,
Reunirás o disperso
E a Cruz abrirá em Flor.

Este é um poema que nos aparece dividido em três partes – como uma trilogia de sonetos – inspirado numa descrição do Túmulo de Christian Rosencreutz constante da “Fama Fraternitatis”, primeiro manifesto público da ou sobre a Fraternidade Rosacruz.

Quando, despertos deste sono, a vida,Soubermos o que somos, e o que foiEssa queda até Corpo, essa descidaAté à noite que nos a Alma obstrui, Conheceremos pois toda a escondidaVerdade do que é tudo que há ou flui?Não: nem na Alma livre é conhecida...Nem Deus, que nos criou, em Si a inclui. Deus é o Homem de outro Deus maior:Adam Supremo, também teve Queda;Também, como foi nosso Criador, Foi criado, e a Verdade lhe morreu...De além o Abismo, Spirito Seu, Lha veda;Aquém não a há no Mundo, Corpo Seu.
Mas antes era o Verbo, aqui perdidoQuando a Infinita Luz, já apagada,Do Caos, chão do Ser, foi levantadaEm Sombra, e o Verbo ausente escurecido.Mas se a Alma sente a sua forma errada,Em si, que é Sombra, vê enfim luzidoO Verbo deste mundo, humano e ungido,Rosa Perfeita, em Deus crucificada. Então, senhores do limiar dos Céus,Podemos ir buscar além de DeusO Segredo do Mestre e o Bem profundo; Mas só de aqui, mas já de nós, despertos,No sangue atual de Cristo enfim, libertosDo a Deus que morre a geração do Mundo.
Ah, mas aqui, onde irreais erramos,Dormimos o que somos, e a verdade,Inda que enfim em sonhos a vejamos,Vêmo-la, porque em sonho, em falsidade. Sombras buscando corpos, se os achamosComo sentir a sua realidade?Com mãos de sombra. Sombras, que tocamos?Nosso toque é ausência e vacuidade Quem desta Alma fechada nos liberta?Sem ver, ouvimos para além da salaDe ser: mas como, aqui, a porta aberta? Calmo na falsa morte a nós exposto,O Livro ocluso contra o peito posto,Nosso Pai Rosacruz conhece e cala.


Paz Profunda!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Visita Oficial Grande Mestre AMORC ao Maranhão.

A Ordem Rosacruz, com o objetivo de divulgar os aspectos práticos da sua filosofia, junto à comunidade do Maranhão, realizará uma palestra, cujo tema abordará a opinião da Ordem Rosacruz sobre o momento sensível da humanidade.

O Auditório da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB/Maranhão, sediará no dia 12 de março, as 10h30, a palestra “O SEGREDO DOS ROSACRUZES”, aberta a comunidade e entrada gratuita. A palestra será ministrada pelo Professor Universitário Helio de Moraes e Marques – Grande Mestre Mundial da Jurisdição de Língua Portuguesa da Ordem Rosacruz – AMORC.

Os Segredos Místicos da Era Moderna





O símbolo principal, a rosa e a cruz, identifica os membros de uma das maiores organizações Iniciáticas do mundo, com cerca de 400 mil filiados – apenas nos países de língua portuguesa, cuja sede localiza-se em Curitiba (PR). Com templos que lembram antigas construções egípcias. Homens, mulheres e crianças entre as colunas estudando, filosofia, historia e misticismo. Um elo mantido pelos rituais que ligam com um mundo de conhecimento cuja origem atravessa os séculos.


A Ordem Rosacruz Amorc está presente em todos os continentes e há muito tempo deixou de ser uma organização secreta. Pelo contrario, aparece constantemente na mídia e seus membros não fazem segredo de pertencer a essa fraternidade místico-cultural, como definem. Portanto, não é, nem uma seita nem uma religião.


AMORC é a sigla de Antiga e Mística Ordem Rosa Crucis. Mas existem diversas organizações que também reivindicam o nome Rosacruz, porém a Amorc, sem duvida, é a maior e mais estruturada. Além de ser a mais antiga delas.Aparentemente os rosacruzes são pessoas comuns, que, trabalham, estudam, tem alegrias e problemas como qualquer ser humano. No entanto, o que faz a diferença e a forma como encaram a vida.O estudo de leis universais e técnicas de desenvolvimento mental e espiritual fazem parte dos ensinamentos. Até a invisibilidade e a alquimia estão no currículo do curso regular da Amorc, que chega aos membros trimestralmente, pelo correio.


O norte-americano O PhD Spencer Lewis, um dos lideres da organização, no começo do século, segundo relata-se, chegou a demonstrar a transmutação de metais em ouro, publicamente, em Nova York, para uma platéia isenta, inclusive diversos jornalistas. Entretanto, a conquista de poderes extra-sensoriais e vantagens materiais não são prioritárias, pelo menos é o que afirma os lideres da Ordem. Segundo eles, o principal benefício é o desenvolvimento de nossas faculdades interiores para maior conhecimento das verdades expressas nas Leis Naturais e para auto-evolução.


Os membros da Ordem entendem que as benesses principais dos ensinamentos rosacruzes podem ser abreviadas em três palavras: Luz, Vida e Amor. Luz na medida em que o estudante adquire a compreensão da vida não como fato isolado, mas totalmente interdependente no sentido da fraternidade humana e totalmente independente no sentido cósmico.


A utopia Rosacruz visualiza uma verdadeira fraternidade universal, com cooperação e solidariedade de todos, independentemente de suas crenças pessoais, cor, religião, nacionalidade ou ideologia política.Qualquer que seja o tempo de filiação na Ordem, os membros definem-se sempre como estudantes, explicando que a condição de Rosacruz, sinônimo de perfeição espiritual, é a grande meta.


Na pratica, os estudos não terminam nunca. Os ensinamentos são divididos em graus, com suas respectivas iniciações. Os estudos podem ser feitos exclusivamente em casa ou em templos, denominados Lojas, Capítulos e Pronaoi – cuja divisão indica um determinado numero de associados. As lojas são os organismos maiores, local onde acontecem as iniciações e todos os rituais. Não é obrigatória a freqüência.


O nome Loja pode associar a outra organização congênere, a Maçonaria. Entretanto, são instituições completamente distintas, apesar de ser comum maçom participar da Rosacruz e vice-versa.A Suprema Grande Loja, sede internacional, está localizada em San José, Califórnia (EUA), mas não se trata de uma organização de origem norte-americana. Por exemplo, a diretoria é de diferentes nacionalidades.


Todos eleitos periodicamente. Em 1915, após ter sido iniciado na Franca, Spencer Lewis levou a Rosacruz para a América do Norte e fundou o atual ciclo da Ordem, inclusive acrescentando a denominação Amorc. Até o inicio do século 20, a organização estava muito ativa na Europa, mas se enfraqueceu após as duas guerras mundiais, quando morreram muitos lideres e membros. A administração e expansão no mundo ficou sob a égide dos americanos. Lewis foi responsável pelo ressurgimento da Rosacruz nos tempos atuais.


Pela tradição, a Ordem fica ativa e inativa em ciclos de 108 anos. Os primeiros 108 anos constituem um período de atividade externa, enquanto que o segundo período de 108 anos se caracteriza pela atividade silenciosa, secreta, quase uma inatividade total. Isso explicaria os períodos em que os rosacruzes reaparecem e desaparecem misteriosamente.


Panfletos intitulados Fama Fraternitatis surgiram “misteriosamente” na Alemanha, assinado por um tal de Chistian Rosenkretz. Os panfletos correram o mundo e anunciavam a volta das atividades dos rosacruzes. para os historiadores acadêmicos, esse documento é a mais antiga prova material a respeito de uma organização intitulada Rosacruz.


A Amorc oferece uma interpretação diferente: Christian Rosenkreutz, ou “Cristão Rosacruz” não seria um individuo e sim o pseudônimo de um grupo de rosacruzes que trabalharam para o ressurgimento de um novo ciclo de atividades externas.O ciclo atual, inaugurado por Lewis em 1915, levou a Amorc e praticamente todo o planeta.


A Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis, está composta de 14 Grandes Lojas, em jurisdições relativas aos diversos idiomas mais falados no mundo. Lewis traduziu e reescreveu boa parte das monografias – os ensinamentos oficiais da organização, além de ter reorganizado os rituais e a administração.


Lewis, falecido em 1939, não é “adorado” pelos rosacruzes no sentido religioso do termo. Muito menos os atuais dirigentes. A entidade abriga pessoas dos mais diferentes credos e religiões. Também não é uma organização dogmática. A Ordem Rosacruz considera que ninguém, nenhuma organização religiosa ou mística é detentora absoluta da verdade, por isso os membros são considerados os eternos buscadores da verdade.


Para os rosacruzes, o Ser Supremo é o “Deus de nosso coração”, ou seja, o Deus da nossa compreensão, do nosso credo pessoal. O detentor do titulo de Imperator, Lider Mundial, não significa poder supremo, já que a organização é regida por normas democráticas.


Segundo os membros à origem tradicional da Rosacruz, remonta às escolas de mistérios do Antigo Egito. Nessas escolas, místicos esclarecidos reuniam-se para estudar os mistérios do universo, da Natureza e do Ser Humano, daí derivando a expressão “Escolas de Mistérios”. Por volta de 1.500 antes da Era Crista, o Faraó TutMés III reuniu essas escolas em uma única Ordem regida pelas mesmas normas.


Um século depois, Amenhotep IV, mais conhecido pelo nome de Akhenaton, criou um ensinamento único para os membros dessa Ordem, como também a primeira religião monoteísta.A Ordem estendeu-se do Egito para Grécia, graças a Pitágoras; mais tarde à Europa da Idade Media, por meio dos alquimistas e Templários.


Nos séculos seguintes, pensadores da Renascença e espiritualistas da Idade Moderna promoveram sua expansão, tanto no Oriente quanto no Ocidente. Hoje em dia a Amorc seria a depositaria dessa herança cultural e espiritual.Pelas regras dos 108 anos o atual ciclo da Rosacruz terminaria em 2027. entretanto, os membros da Ordem diz que não há previsão de fim das atividades externas da Amorc.


Pois no passado isso acontecia mais por questões políticas, por que os rosacruzes teriam sido perseguidos em épocas de intolerância religiosa. No período atual a orientação do Imperator é que não há mais essa necessidade de fim de ciclo.Segundo seus membros, fazer parte da Amorc é fácil.


A organização não exige nenhum tipo de pré-requisito aos neófitos. Podem participar homens, mulheres e crianças. É só escrever para a GLP, que todos recebem um livreto intitulado Domínio da Vida, com informações básicas a respeito da organização e uma ficha de inscrição. A Amorc cobra uma mensalidade ou trimestralidade para cobrir suas despesas administrativas, já que é uma entidade sem fins lucrativos.


A seleção dos membros ocorre naturalmente, numa espécie de auto-seleção. Segundo seus dirigentes só permanece na Amorc, e usufrui de seus benefícios, quem realmente sente um chamado interior.

PAZ PROFUNDA!

Maçonaria e Rosacrucianismo
Uma nova reflexão cruzada

Retomo as reflexões anteriores, tentando promover uma explicação compreensível dos laços que interligam o Rosacrucianismo e a Maçonaria especulativa.
Terminei a minha última prancha, citando alguns versos de um poema anónimo, de origem inglesa, dos princípios do século XVII que nos revela quão profunda e significativa é a proximidade existente:


“Porque somos Irmãos da Rosa-Cruz, temos a palavra dos Freemasons e temos a dupla visão”.


Robert Fludd, tido como freemason e rosacruciano, na sua obra “A Ordem dos Rosa-Cruz (em 1617)” afirma, “os freemasons e os rosa-cruzes eram um único grupo que, um dia em tempos distantes, se separou para por um lado propagarem ideias filosóficas e filantrópicas e por outro realizarem trabalhos cabalísticos e alquímicos”.


Robert Fludd, considerado como o primeiro rosacruciano de Inglaterra, diz que o nome da ordem está ligado a uma alusão ao sangue de Cristo, na cruz do Golgota; a mística ideia da rosa, associada à lembrança da cor do sangue e aos espinhos que provocam o seu derramamento, contribuiu, certamente, para dar à palavra, uma grande força de sedução.


Muitos rosa-cruzes vêem, desde então, no seu emblema, um símbolo alquimista, concretizando uma ambiguidade muito comum na representação simbólica, a tal dupla função.


Como a preocupação máxima dos alquimistas que se ligaram à Ordem Rosa-Cruz ao longo dos séculos XVII e XVIII era o segredo da imortalidade e a regeneração universal, o símbolo rosacruciano estava igualmente relacionado com essa preocupação.


Os rosa-cruzes actuais têm, por outro lado, uma interpretação bem mais mística a respeito da cruz e a rosa. A cruz representaria o lado material do ser humano, enquanto a rosa representaria o ser imaterial, a alma, o espírito ou o corpo astral.


Em botânica, a rosa também tem um significado ocultista pois é tida como uma flor iniciática. Por outro lado, diversas ordens religiosas cristãs, e nomeadamente no âmbito da arte sacra cristã, continua-se a considerá-la como símbolo da paciência, do martírio, da Virgem (Rosa Mística). No quarto domingo da Quaresma, a Rosa de Ouro é benzida, considerando-se como um dos muitos rituais sagrados oferecidos pela Igreja, na sua liturgia.


Em última análise, a rosa representa a mulher, enquanto que a cruz simboliza a virilidade masculina, pois para os hermetistas, ela é o símbolo da junção da eclíptica com o equador terrestre (eclíptica é a órbita aparente do Sol, ou a trajectória aparente que o Sol descreve, anualmente, no céu), consubstanciando-se tal junção nos equinócios da Primavera e do Outono.


Assim, a Rosa simboliza a Terra, como ser feminino, e a Cruz simboliza a virilidade do Sol, com toda a sua força criadora que fecunda a Terra. A junção dos sexos leva à perpetuação da vida e ao segredo da imortalidade, resultando, também, dela, a regeneração universal, que é o ponto mais alto da doutrina rosacruciana.


Voltando à questão da ligação existente entre a Maçonaria e os rosa-cruzes, todas as investigações apontam para que esta ligação tenha começado já na Idade Média, ou noutra perspectiva, que se tenha concretizado a partir daí. No fim do período medieval e começo da Idade Moderna, com o inicio da decadência das corporações operativas (englobadas sob o rótulo de maçonaria operativa), estas começaram, progressivamente, a aceitar elementos estranhos à arte de construir, admitindo, inicialmente, filósofos, hermetistas e alquimistas, cuja linguagem simbólica se assemelhava à dos franco-maçons. Como a Ordem Rosa-Cruz estava impregnada de alquimistas, como já vimos, resultou daí a ligação da Maçonaria ao rosacrucianismo e à alquimia.


Leve-se ainda em consideração, que durante o governo de José II, imperador da Alemanha de 1765 a 1790, e co-regente dos domínios hereditários da Casa de Áustria, houve um grande incremento da Ordem Rosa-Cruz e da sua comunidade, atingindo a própria Corte. Tal conduziu a que o imperador proibisse todas as sociedades secretas, abrindo, apenas, excepção aos maçons. Tal decisão fez com que muitos rosa-cruzes procurassem as lojas maçónicas.


Como se constata ambas as Ordens têm génese estruturada na Idade Média, considerando-se esse período como o de maior incremento da Maçonaria Operativa e o início da sua transformação em Maçonaria dos Aceitos (também chamada, de “Especulativa”).


Mas o rosacrucianismo, assim como a Maçonaria, são o resultado sincrético de diversas correntes filosóficas e religiosas: hermetismo egípcio, cabalismo judaico, gnosticismo cristão, alquimia. Neste pressuposto estaríamos a considerar o início das corporações operativas, em Roma, no século VI AC, como a origem natural da maçonaria operativa. Neste contexto, encontraríamos as suas origens na vida das muitas corporações operativas, ao longo dos quinze séculos, que antecederam a época medieval estando o seu aprofundamento orgânico bem retratado em diversas obras das quais se destaca a obra escrita de Vitruvius, do século I AC. Isto é claro, levando apenas em consideração, as evidências históricas autênticas e não as “lendas”, que fazem remontar a origem de ambas as instituições ao antigo Egipto.


A maçonaria é também uma ordem templarista, ou seja, os ensinamentos ocorrem dentro das lojas. Já em relação ao rosacrucianismo dá-se aos membros o livre arbítrio de estudar fora ou dentro dos templos Rosa-Cruz. O estudo em casa é sempre acompanhado à distância, e assim como na maçonaria, a evolução na aprendizagem faz-se por vários graus, que vão do neófito (iniciado) ao 12º grau, conhecido como o grau do Artesão.


O estudo no templo, mesmo não sendo obrigatório, proporciona ao membro rosacruciano, além do contacto social com os demais membros integrantes, a possibilidade de participar em experiências místicas em grupo, e de poder discutir com os presentes os resultados, e por fim, a reunião no templo fortalece a egrégora da organização, o que também ocorre na maçonaria.


A partir da metade do século XVIII e, principalmente, depois de José II, com a maciça entrada dos rosa-cruzes nas lojas maçónicas, tornou-se difícil, de uma maneira geral, separar Maçonaria e rosacrucianismo, tendo, a instituição maçónica, incorporado, nos seus vários ritos, o símbolo máximo dos rosa-cruzes: no 18º grau do Rito Escocês Antigo e Aceito, no 7º grau do Rito Moderno, no 12º grau do Rito Adoniramita.


O Cavaleiro Rosa Cruz, é, como o próprio nome diz, um grau cavaleiresco e constitui-se no 18º Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito. A sua origem hermetista e a sua integração na Maçonaria, durante a Segunda metade do século XVIII, leva a marca dos ritualistas alquímicos, que redigiram, naquela época, os rituais dos Altos Graus. O hermetismo atribuído ao Grau 18 é perceptível no símbolo do grau, que tem uma Rosa sobreposta à Cruz, representando esta, o sacrifício e a Rosa, o segredo da imortalidade, que no esoterismo cristão, retratando a ressurreição de Jesus Cristo, simboliza de forma tipificada a transcendência da Grande Obra.


A Maçonaria também incorporou, em larga escala, o simbolismo dos rosa-cruzes, herdeiros dos alquimistas, modificando, um pouco, o seu significado místico e reduzindo-o a termos mais reais. Assim, o segredo da imortalidade da alma e do espírito humano, sendo aceito o princípio da regeneração, só pode ocorrer através do aperfeiçoamento contínuo do Homem e através da constante investigação da Verdade. O misticismo dos símbolos rosa-cruzes, todavia, foi mantido, pois embora a Maçonaria não seja uma ordem mística, ela, para divulgar, a sua mensagem de reformadora social, socorre-se do misticismo de diversas civilizações de mistérios e de várias correntes filosóficas, ocultistas e metafísicas.


Uma singularidade entre a Ordem Rosa-Cruz e a Maçonaria são as iniciações nos seus respectivos graus, sendo que para ambas, a primeira é a mais marcante. Sendo no caso da Maçonaria a iniciação feita no grau de Aprendiz, nos rosa-cruzes a admissão é feita no 1º grau do templo. As iniciações têm o mesmo objectivo, impressionar o iniciado, levá-lo à reflexão, para que ele decida naquele momento se deve ou não seguir adiante, e se o fizer, assumir o compromisso de manter velado todos os símbolos, usos e costumes da instituição de que fará parte.


Vários são os símbolos comuns às duas instituições, a começar pela disposição dos mestres nos seus cargos, lembrando os pontos cardeais, e a passagem do Sol pela Terra, do Oriente ao Ocidente. Cada ponto cardeal é ocupado por um membro do templo. A figura do venerável mestre na maçonaria, ocupando a sua posição no Oriente, encontra similar posição na Ordem Rosa-Cruz, na figura de um mestre instalado, que ocupa o seu lugar no leste. A linha imaginária que vai do altar dos juramentos ao Painel do Grau, e a caminhada somente feita no sentido horário, também são similares. Em ambos os casos o templo é pintado na cor azul celeste, e a entrada dos membros ocorre pelo Ocidente.


O altar dos juramentos encontra semelhança no Shekinah da ordem Rosa Cruz, sendo que, neste último, não se usa a bíblia ou outro livro de representação simbólica, mas sim 3 velas dispostas de forma triangular, que são acesas no início do ritual e apagadas no seu final, simbolizando a Luz, a Vida e o Amor.


Outra semelhança é o uso de avental por todos os membros iniciados para poderem ser admitidos no templo, enquanto que os oficiais do templo devem usar paramentos especiais, cada qual simbolizando o cargo que ocupa no ritual. O avental usado pelos membros não diferencia o grau de estudo e aprendizagem em que se encontra o membro rosacruz.


Algumas das diferenças ficam por conta da condução pessoal do ritual, onde na Ordem Rosa-Cruz subsiste sempre um fortíssimo carácter místico-filosófico.


Por último, os iniciados na Ordem Rosa-Cruz recebem os seus estudos num templo separado, anexo ao templo principal, enquanto os aprendizes maçons recebem as suas instruções juntamente com os demais irmãos e, finalmente, o formato físico da loja maçónica lembra as construções greco-romanas, enquanto que o templo rosacruciano lembra as construções egípcias.
Aqui ficam algumas descrições que retratam semelhanças e diferenças, quer em termos de visibilidade operativa, quer quanto a significados simbólicos, quer ainda em termos de práticas rituais, entre o que a Maçonaria é e representa e o que do rosacrucianismo transparece e integra.


Voltaire


Ano Rosa-Cruz 3360